Fechei os olhos e tentei voltar no tempo

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Enquanto caminhava até a catraca de saída do meu trabalho, com minha bolsa pousada sobre meu ombro esquerdo que doía há algumas semanas, pensei em um momento incrível que havia vivido há algum tempo, não sei exatamente quanto tempo, talvez seis meses, talvez um ano, não me lembro. Mas lembro vivamente do momento. Enquanto me lembrava e caminhava, fechei os olhos bem forte por uns dois segundos e pensei: “quero voltar para aquele momento. ” Abri os olhos – porque não queria dar de cara com um poste ou algo assim – e percebi que não havia voltado no tempo, ainda caminhava rumo à catraca com a bolsa pesando no ombro esquerdo. Me lembrei que costumava fazer isso quando era criança, devo ter assistido demais filmes de ‘super-heróis’ e ‘ex-mans’ porque quando era mais nova eu realmente achava que se fechasse os olhos bem forte e pensasse em um determinado momento vivido, eu poderia voltar para ele. Meu sonho era ter esse ‘super poder’. Meu sonho era poder voltar atrás e viver de novo, ou talvez pela primeira vez, momentos que se perderam com o tempo.



Mas agora sou adulta, mulher já feita, esqueci dessas bobagens de super poderes, compreendi que não dá pra voltar no tempo e viver de novo o que já foi vivido. Não dá para voltar atrás e fazer o que lá no passado me faltou coragem. Mas por alguns segundos enquanto caminhava pelo estacionamento, eu achei que dava. Eu me esqueci das bobagens que aprendemos quando crescemos e pensei: porque não tentar? E tentei. Me senti frustrada quando percebi que realmente não era possível voltar no tempo, mesmo que eu pensasse no momento com toda força que encontrasse no peito.
Isso me fez refletir que a vida não volta. Quer você tenha feito tudo o que queria ou não, quer você tenha mais arrependimentos pelas coisas que fez do que pelas que deixou de fazer ou o contrário, a vida só segue para frente.


Arrependimento. Aliás, que palavrinha doída é essa. Palavra que martela diariamente no consciente de cada um de nós. Alguns acumulam arrependimentos por terem vivido o que gostariam de apagar da memória, outros acumulam arrependimentos por não terem vivido o que agora já não é mais possível.
Enquanto caminhava tocava ‘the lumineers’ no meu fone de ouvido, uma das minhas bandas preferidas, acho que a música era ‘angela’ ou ‘my eyes’ não me recordo, mas costumo deixar as músicas do disco ‘Cleópatra’ o último deles, em sequência. Essas canções me trazem uma paz diferente. O engraçado é que os clipes e as letras das músicas desse álbum que citei falam exatamente sobre isso, arrependimentos. Explicando bem rápido, nos clipes a protagonista pode optar por viver algo ou não viver e mostra como seria se ela tivesse escolhido viver e também mostra a versão dela que escolheu não viver e depois se vê cheia de amargura e arrependimentos.
Se você leu o texto até aqui, deve estar se perguntando: o que diabos você quer dizer com tudo isso? Me desculpe desapontá-lo, mas eu também não sei. Mas quis refletir sobre.


Talvez o que eu queira dizer é que ainda exista uma parte de mim que acredita que seria bom poder voltar no tempo e viver coisas que já se foram. Abraçar novamente quem já foi embora, sentir o cheiro, olhar com mais calma os detalhes, registrar tudo na mente de novo, dar a risada mais alta possível e fazer o quer que eu estivesse com vontade de fazer no momento. Porque mesmo que você pegue toda sua força e fé interior e tente voltar atrás, não vai conseguir. E isso, bem, isso é triste pra caramba. Não sei se você também sente isso, se já tentou algumas vezes voltar no tempo e desejou ao soprar as velinhas do seu bolo de aniversário ter esse super poder, talvez eu seja a única doida que fique pensando nessas coisas, mas talvez você também pense, e se for esse o caso, precisamos entender juntos que isso não acontecerá. 


Por isso é necessário viver o agora, o que você tem. Amar com toda força que existir em seu peito, fazer as loucuras que você acha que deveria fazer. Cortar sua própria franja, conhecer aquele amigo virtual que mora longe, dizer que ama enquanto é tempo. Terminar relações que não te fazem feliz. Dar abraços demorados, ouvir mais do que falar, dançar mesmo sem saber a coreografia. Segurar com as duas mãos o rosto da pessoa amada e dizer o quanto ela é incrível. Porque isso não vai voltar. E eu não quero nem que eu e nem que você nos tornemos velhos frustrados e arrependidos, porque um dia tivemos medo demais, ou coragem demais quem sabe, e vivemos ou deixamos de viver o que agora daríamos tudo para poder mudar.


Bom, é isso. 

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1 comentários

  1. Se eu pudesse voltar no tempo, talvez tivesse amado um cadinho mais sem medo, teria aprendido inglês de verdade e perdoado mais rápido. Amei demais o texto Lari! <3

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